ansiedade faz o amor ir embora
Acho que no fundo todo mundo sofre desse mal que é
ser ansioso por causa alguma/nenhuma. Alguns mais, outros menos, talvez nem
tantos. Mas só quem já passou uma noite em claro, pensando em um erro de quando
tinha cinco anos e roubou o pastel da amiga do pré-escolar, que sabe o sentido
filosófico do ansioso madrugador.
Ontem eu estava em um desses dias. Ansiosa por tudo,
pensando no futuro, em coisas do passado e perdida em mim mesma enquanto andava
pelo mercado. Pensando que tinha que mudar a cor do cabelo porque a
invencionice da semana passada me deixou com cabelo de gambá, mas a tinta
estava tão cara, então talvez nem precisasse mais comprar a tinta, ninguém
precisa ter o cabelo de uma cor só mesmo. Então lá fui eu atrás de um sabonete,
mas estava tão enjoada daquele cheiro de limpeza que o meu de lavanda deixa, mas
o de limão também não é o que eu quero. Pensei no futuro, na minha tendência a
indecisão, de pensar demais, se perder em mim mesma, lembrar do que não devia e
me perder em sorrisos conhecidos e tímidos.
Peguei o sabonete de coco, quem se importa em
cheirar como o sabão que sua mãe usa para desencardir as meias? Lá fui eu, nem
olhando para os lados e indo direto para os livros. Talvez eu gaste dinheiro
demais com livros. Talvez eu nem tenha tempo para ler todos. Eu nem uso o
óculos e se meu problema de visão aumentar? E se eu não conseguir terminar o
TCC e só ler livro que não deve? E se eu não escrever meu próprio livro? Ah,
mas tem esse de uma youtuber que eu adoro.
Minha mãe vai para o caixa, vou atrás dela e
casualmente olho para o lado. Lá está, um moço bonito, cabelo curto e
arrepiado, barba rala, lábios rosados e o mais estranho, me olhando com certo
interesse. Envergonhada, olho para o outro lado, vendo os chocolates sem a
mínima vontade de comê-los.
A próxima cliente sai e minha mãe, com seu carrinho
abarrotado de guloseimas para o fim de semana e comidas saudáveis, começa a
retirar os produtos do carrinho e me pede ajuda para pegar as caixas de sabão.
Olho para o lado novamente, apoiando o queixo no ombro e lá está ele. O moço
bonito que me olha. Eu, como a boa tímida, me abstenho a pegar a caixa de sabão
e a ajudar minha mãe.
Quando os produtos estão terminando de serem
passados, eu já lá no outro lado do caixa, olho para ele e o moço está passando
uma caixa de cervejas. Único item de seu carrinho. Ele entrega uma garrafa para
a caixa e me olha, eu pego os chicletes que o empacotador me estende ao me ver
olhando para embalagem.
Então o moço bonito sai, percebo que usa jeans,
jaqueta preta e coturnos caramelo com detalhes em bege e cadarços marrons.
Maior estilo. Sorrio. Provavelmente ele vai a alguma festa, com uma garota
bonita, mas naqueles minutos eu fui o alvo da sua atenção.
Naqueles minutos minha ansiedade foi embora e eu
percebo que enquanto estava ansiosa, perdida em problemas futuros, passados e
alguns até mesmo inventados, esqueci de olhar para o lado. Quantas vezes será
que eu já não fiz isso? Ficando ansiosa por coisas que não posso controlar e
esquecendo que o tal amor da minha, não aquele que eu vejo sempre e escrevo a
todo momento, mas aquele que vai fazer meu mundo fazer sentido, pode estar ao
meu lado basta que eu esqueça um pouco de mim e passe a olhar ao redor.
- Jariane
Ribeiro
Que lindo! Às vezes sinto vontade de ser mais tímida, porque Meu Deus! Só pareço! Se fosse eu já tinha até arrumado o número do telefone dele kkkk Que fofa, já disse que sua escrita é maravilhosa?
ResponderExcluirFlor, nem consigo imaginar você fazendo TCC, escrevendo os próprios livros, lendo e ainda cursando faculdade! Por favor me diga que você não faz tudo isso e ainda... dá toda essa atenção ao blog!
Olha consigo sim, mas não digo que às vezes não dou uma piradinha rsrsrs
Excluireu amo o blog e desde que o criei está crescendo muito.
Não quero perder isso.
Obrigada pelos comentários maravilhosos. Eu amo sempre ter leitores tão legais assim ♥♥