Nem todo patinho feio vira cisne


Eu queria tê-lo visto ontem, queria não ter sido covarde e impedir os prováveis encontros, queria ter coragem de olhá-lo e tirar a dúvida de ele me vê, não da mesma maneira apaixonada que eu, mas que ao menos saiba da minha existência e que eu não sou somente a garota que se esconde.
Juro, que se a covardia não se sobrepujasse a coragem, eu diria que é a timidez que me impede de ser de outra forma. Não é por querer, mas sim por ter medo. Sabe aquele tipo de pessoa que já levou tantos tombos que as cicatrizes marcaram o suficiente para virar calos? Esta pessoa sou eu.
Sempre fui a garota que era tida como estranha, a que ganhava eleições de feiura e acabava engolindo mágoas e as transformando em poesia. Fizeram-me acreditar que ninguém me olharia pelo que eu era, mas sim por minha aparência e infelizmente quando olho no espelho ainda vejo aquela garota. A menina assustada e introspectiva que não tinha ninguém para amar e nem a perspectiva de ser amada.
Descobri que aquela velha história não é verdadeira. Nem todo patinho feio se transforma em Cisne, eu pelo menos não me transformei, continuo desastrada, tímida e com medo de falar com as pessoas. A insegurança das coisas que me falaram permanece e não é tão fácil assim sair da zona de conforto.
Não lembrava de como era me sentir assim há algum tempo. Quando não tem pessoas a quem entregarmos nosso coração, o medo de ser frágil fica em segundo plano, mas então ele apareceu e o que era um aparente interesse curioso se tornou paixão e acho que nem em um milhão de anos vou estar preparada para deixar todas as minhas defesas ruírem e dar a cara a tapa e fazer algo para tornar os planos que vagueiam minha cabeça, real.
Sabe aquela história de que quando é na nossa cabeça é mais fácil, mas quando é real nada te separa de cair de cara na calçada? Exato, a situação é esta e eu não estou nem um pouco a fim de fazer algo e ficar escutando as mesmas justificativas bestas de antes: Você é legal, mas sabe né? A aparência.
Sempre a mesma coisa: Aparência. O maldito padrão imposto, onde nenhum livro que você leu te torna atraente, mas sim o corpo esculpido em academia e mantido com privações de chocolate. O short curto e a camiseta de uma banda que obviamente não ouviu ao invés da calça jeans desbotada e a camiseta de sua série sobrenatural favorita.
Talvez este texto esteja amargurado e carregado de suposições porque eu nem sei se ele pensa desta forma, o problema é o maldito “Se”. Se eu arriscar e falar com ele e tomar um não e ser humilhada como no ensino médio, ou Se eu continuar onde estou e me arrepender e quando tiver cinquenta anos me achar covarde demais por não ter sido ousada para encarar a situação e dizer um simples “oi”.
Mas, enquanto a coragem não vem, continuo aqui, escrevendo e pensando em suposições que obviamente não irão passar disso.
                                                                                                                                       - Jariane Ribeiro

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