Aquela Tarde


Eu queria dizer que o amava.
Em cada encontro, enquanto ele sorria e divagava sobre o mundo, eu queria dizer que o amava.
Cada detalhe. Desde o cabelo coberto por um gorro, a barba rala, a pele pálida e aqueles olhos castanhos; das camisetas com estampas divertidas, das músicas ruins, dos filmes de gosto duvidoso e das mãos sujas de tinta de caneta preta.
Não tinha coragem. Lá estava ele, falando sobre alguma matéria que eu não entendia, com os braços ao meu redor e eu só pensava: eu o amo, até mesmo quando fala coisas que eu não entendo.
A oportunidade passava, ele me beijava e ia para casa. De madrugada perguntava se eu estava acordada, fazia piadas (algumas maliciosas), fazia com que eu desejasse que ele estivesse ao meu lado sempre, todos os dias.
Sentia que o amor ia se enraizando em meu coração, a cada vez que ele me tocava, beijava minha testa, ou simplesmente me protegia do frio com aquele seu casaco com o logotipo de seu curso, eu queria dizer que o amava.
Eu amava ele existindo.
Mas as palavras simplesmente não saiam da minha boca. Todos sempre dizem, as revistas principalmente, que quem tem que dizer que ama primeiro é o garoto. As coisas mudam se as garotas se declaram, mas no fundo sabia que ele era tímido demais para confessar primeiro.
Então, em um belo sábado, lá estou eu indo em direção ao parque. Ele está deitado na grama, olhando para o céu azul e com aquele sorriso torto nos lábios. Sei que ele já sabe da minha presença. Então verifico o meu bolso e vou em direção a ele.
Sem dizer uma palavra, deito ao seu lado e ele passa os braços ao meu redor, deixando que eu apoie a cabeça em seu peito e aspire o cheiro bom de seu perfume.
Olho para ele, para aquele bendito gorro preto e a camiseta do Mickey por baixo do paletó preto.
Um pouco hesitante, puxo sua mão livre e ele me olha e sorri. Sorrio também e beijo sua bochecha.
Com a mão trêmula, pego a caneta em meu bolso e respirando de forma ruidosa, rabisco na palma clara de sua mão com a caneta preta.
Quando termino de escrever, ele ergue a mão e lê o que está escrito.
Prendo a respiração e ele me olha, primeiro sério, parecendo confuso, em seguida sorri e beija minha testa.
- Eu também te amo – diz e toma a caneta da minha mão, puxando a manga de minha camiseta e escrevendo isso em meu pulso.
******
Até hoje olho para aquele rabisco, que eu como uma adolescente tola, fiz questão de tatuar, com aquela letra dele em forma de garrancho e tudo.
E agora, enquanto coloco o copo de café em cima da mesa, o observo chegar, tirando o jaleco branco e sentando na cadeira em frente à minha.
- Salvei um gato hoje, Bella – diz sorrindo e me entrega um papel dobrado.
Abro e vejo o logotipo de sua clínica, para em baixo ler o recado de sempre, mas que ainda faz meu estômago se encher de borboletas:

Te amo ainda mais do que naquela tarde.

P.S.: Então gostaram? Se sim, ajudem a divulgar o conto. Compartilhem nas redes sociais e façam esta autora feliz. 
É importante para o blog que bastante gente o conheçam e assim façam com que fique cada dia melhor ♥♥♥

Share this:

JOIN CONVERSATION

4 comentários:

  1. q lindo jariane. bjus roberta

    ResponderExcluir
  2. AI QUE AMOR!!! Vou chorar desse jeito, o inicio poderia ser mais elaborado, eu me apaixonei me imaginando haha o final foi perfeito! Vou postar esse no meu blog assim que eu puder...

    ResponderExcluir