A vez que ela amou
Ela acreditou, por um pequeno momento, que dessa vez
seria diferente. Que ele era diferente.
Acreditou com tanta força, da mesma maneira que uma
criança acredita que sua cartinha chegou às mãos do papai Noel.
Só que... o amor, esse sentimento que sempre toma
proporções que não deveria, não é como um dia especial, está mais para algo
avassalador.
Mas ela esqueceu disso, esqueceu no instante em que
o viu pela primeira vez, parado todo sem jeito ao lado da sala de aula dela,
como se não aguentasse o peso dos próprios ombros e nem manter contato visual
com outra pessoa.
Ela se encantou e mesmo sem nunca ter trocado uma
palavra com ele, se apaixonou. Imaginou, sonhou e quis que ele fosse o cara,
aquele com quem ela teria uma forte conexão, que viveria seu próprio conto de
fadas, que poderia ser ela mesma e apreciar os super-heróis sem ser chamada de
estranha. Alguém que admirasse sua mania de escrever sobre tudo e sentir tudo.
E agora, tudo o que ela sente enquanto encara a tela
em branco do computador, é uma dor que parece que vai consumi-la, porque, de
repente, todos os seus sonhos e ideais românticos foram jogados fora. Ele não
era nada daquilo, não era tímido, não via o mundo de maneira diferente, não a
via como a garota que era, mas sim como alguém que nunca alcançaria o padrão
que ele estava acostumado a apreciar. Não havia necessidade de palavras entre
eles porque a garota não era o suficiente para elas. Palavras não são
necessárias com o que não é belo, com aquilo que não faz seu coração saltar
fora do peito e seus olhos se arregalarem em um espanto genuíno e brilhante,
como se todas as estrelas do céu emoldurassem o rosto da pessoa.
Ela... ela era apenas um tipinho incomum que
escondia o rosto atrás de capas de livros, que vivia aventuras através de
palavras impressas em papel amarelado. Ela não era a heroína, a vilã, a mocinha
em perigo, era apenas alguém que se contentava em ver o mundo, mas não
participar realmente dele.
Mas, quando ela o via ali, parecendo tão perdido em
si mesmo, olhando para tudo com olhos arregalados, estalando sem parar os
dedos, ou simplesmente girando os fones de ouvido, ela pensava em fazer parte
de algo, pensava em ser parte dele, aquela parte que ele poderia manter
guardada dentro da mochila, embaixo do caderno com fórmulas matemáticas que ela
nunca entenderia.
A garota pensou em longas conversas, pensou em
abraços, pensou que nos braços dele encontraria compreensão e o refúgio
necessário para quando se perdesse em si mesma e assim apresentasse ao mundo
uma nova história.
Sim, ela vai apresentar ao mundo uma nova história,
mas terá que encontrar conforto em si mesma, arrumar um jeito de colar os cacos
de seu coração mais uma vez, se conformar que pela décima, ou vigésima vez, não
foi o suficiente. Talvez ela esteja errada em um mundo tão certo, ou talvez o
mundo, e aquele garoto, ainda não estejam preparados para a timidez que ela
emana e a intensidade que ela descreve. Talvez, ela ainda não esteja pronta
para amar e ser correspondida porque é através de seu coração sangrando que ela
conforta os outros, que faz o mundo sorrir com a junção correta das palavras.
Ela ainda não sabe, mas amará de novo, se perderá em
olhos castanhos, verdes, ou até cinzas e descreverá cabelos bagunçados e lábios
carnudos e rosados e então sonhará e talvez, no meio de tanta intensidade,
alguém também queira brilhar e ver que é muito melhor amar alguém que vive à
margem do que alguém que só brilha e não tem intensidade.
- Jariane Ribeiro
Uol!! Garota arrasou com as palavras. Sério um dia vou escrever algo assim tão lindo inspirador, grande e sem sair do foco kkk
ResponderExcluirConfesso que acabei de tirar algumas frases pro meu caderno kkk, mas está em sua autoria ta? haha
Ameei de mais o texto, continue escrevendo!!
Beijos ^-^
Aiiii fiquei tão feliz de você ter gostado, amei ainda mais que tenha anotado frases minhas, isso é tão legal hahah
ResponderExcluir♥♥