Prólogo de à segunda vista
Olá, pessoal, hoje, em comemoração ao lançamento de meu livro, à segunda vista, estarei disponibilizando aqui no blog a sinopse e o prólogo. O livro estar´disponível para venda assim que a Amazon liberar.
Sinopse:
Vingança, ou uma forma de reviver o passado?
Possivelmente as duas coisas, mas Melanie prefere chamar de compensação, visto que se recusa a acreditar que seja amor; suas pernas não ficam mais bambas e tudo o que ela sente ao vê-lo é um vazio, que após um beijo desastroso se transforma em ódio.
Qual a melhor forma de extravasar a raiva? Um plano que o fará dela por uma única noite, jogando assim com o próprio coração, ou deixar tudo como está e não mexer em uma história que, pelo bem dela mesma, deveria continuar sem final?
Possivelmente as duas coisas, mas Melanie prefere chamar de compensação, visto que se recusa a acreditar que seja amor; suas pernas não ficam mais bambas e tudo o que ela sente ao vê-lo é um vazio, que após um beijo desastroso se transforma em ódio.
Qual a melhor forma de extravasar a raiva? Um plano que o fará dela por uma única noite, jogando assim com o próprio coração, ou deixar tudo como está e não mexer em uma história que, pelo bem dela mesma, deveria continuar sem final?
Prólogo
Anteriormente...
Ela
parou de andar antes de chegar ao primeiro degrau da escada curvilínea do
grande salão de baile ricamente ornamentado.
A
garota, de longos cabelos dourados, secou as mãos na saia de seda do vestido
azul, confeccionado especialmente para ela, com o único objetivo de fazê-la
ficar igual à Cinderela. Por fim, olhou para suas sapatilhas de cetim azul e
desejou que seus pés colaborassem.
Ela
estava nervosa a ponto de ter de ficar umedecendo os lábios a cada dois
segundos, pois sabia quem a aguardava no fim daquela escada e também sabia que
não seria capaz de esconder tudo o que estava sentindo, temia tropeçar, pisar no
pé dele, ou até mesmo cair.
Todos
esses pequenos desastres já haviam acontecido antes, enquanto ensaiavam a valsa
de sua festa de quinze anos. Ele era tão desengonçado quanto ela, ajeitava os
óculos a todo instante e parecia ter dois pés esquerdos, mas isso não chegava
nem perto do que ela já tinha feito, que consistia em tropeçar em seus próprios
pés e cair, sendo amparada por ele e gostando de ficar com a lateral de seu
corpo presa ao dele.
E
agora lá estava ela, depois de tantos ensaios, temendo dar o próximo passo. Por
fim, respirou fundo e desceu o primeiro degrau, apertando o corrimão dourado e
sentindo o frio do metal atravessar sua luva de seda e tocar a palma suada de
sua mão.
Cada
passo que dava fazia seu estômago dar uma cambalhota, principalmente porque
notava o quanto o salão estava cheio, nem sabia dizer de onde vieram tantas
pessoas. Teve vontade de dar meia-volta e subir correndo, para se esconder em
qualquer canto e esperar o ponteiro do relógio parar no número doze, quando
seria meia-noite e seu aniversário chegaria ao fim, mas não era tola e sabia
que mesmo que o relógio desse a décima segunda volta, ainda seria seu
aniversário, pelo menos na cabeça daquelas pessoas.
A
garota olhou para o final da escada e o viu ali, esperando por ela, parecendo
um poço de tranquilidade em meio ao caos de seu coração. Ela soltou a
respiração, que até o presente momento não se deu conta de estar prendendo, e
desceu os degraus restantes, ignorando o murmúrio das pessoas e indo direto até
ele, concentrando toda sua atenção naqueles olhos marrons, tão brilhantes que
pareciam ter capturado o brilho de um milhão de estrelas.
Ele sorriu e lhe estendeu a mão. Ela não
conseguiu sorrir, mas colocou a mão em cima da dele e se deixou conduzir até o
meio do salão, pensando que o chão parecia uma pista de gelo, de tão
escorregadio que estava.
–
Você está linda – ele disse enquanto enlaçava sua cintura fina e a puxava para
mais perto.
Ela
enfim sorriu, sentindo as bochechas arderem. Estava tão perto dele que podia
sentir o cheiro de seu perfume, seus corpos estavam colados, e isso fazia seu
coração bater tão rápido que temeu que ele pudesse ouvi-lo.
Os
primeiros acordes da valsa antiquada preencheram o salão e ela apertou os dedos
dele, sentindo aquela vontade louca de sair correndo e se esconder.
–
Você deveria sorrir – ele falou, concentrando toda sua atenção nela, pois
também odiava o fato de todos estarem o olhando. – Não tem motivo para ficar
assustada.
–
Acho que tenho sim. – Ela disse tão baixo que acreditou que ele não pudesse
ouvi-la. – Estão todos nos olhando.
–
Estão olhando para você. – Ele a corrigiu. – Mas é só porque está muito bonita
e ficaria ainda mais se tirasse essa ruga de preocupação da testa.
Ela
concordou e tentou forçar um sorriso, mas logo eles deram o primeiro passo da
valsa e tudo em que conseguiu pensar era nos passos. Deveria segui-lo, não
importasse em que direção, e isso não era desconfortável porque, de certa
forma, ela sempre o seguiu.
Havia
algo de mágico no ato de valsar, mesmo que você nunca tenha feito isso antes e
esteja em um salão lotado, segurando a mão da única pessoa que amou ao longo de
sua curta vida. O simples contado dos corpos, as mãos entrelaçadas e o coração
batendo no mesmo compasso, fazia com que qualquer um acreditasse que existia
magia, principalmente porque aquela garota ali, tão concentrada em dar os
passos certos, com o pescoço ligeiramente inclinado e algo além de felicidade
no olhar, te fazia acreditar nisso.
Ela
sentia que estava flutuando nos braços dele, tão perto de alcançar as nuvens, e
pela primeira vez ela sorriu de verdade porque todos aqueles giros e pés saindo
do chão não lhe deram medo, mas sim uma alegria nunca sentida. Sua imaginação
de menina a fazia pensar que eles podiam valsar assim quando se casassem,
quando ele finalmente a visse como uma borboleta e não como a lagarta que nunca
entrou no casulo.
Eles
podiam se casar na praia e depois irem para a lua de mel na moto dele, até
conseguiu imaginar a cauda de seu longo vestido branco voando enquanto eles
seguiam por uma estrada de terra, com o sol se pondo e servindo de direção.
Mas
então, como todo conto de fadas, este chegou ao fim e o relógio deu doze
badaladas, anunciando um novo dia e enfatizando o fato de que ela tinha quinze
anos e que ele não se casaria com ela na praia e nem em lugar nenhum, porque
assim que os últimos acordes pararam de ecoar pelo salão, ele a soltou e saiu,
lhe entregando para seu pai e indo encontrar uma garota qualquer, partindo seu
coração pela milionésima vez em tão pouco tempo.
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