O amor não é fácil


Eu não deveria querer fugir da aula, perambular sem rumo pelos corredores.
Eu deveria estar prestando atenção. Todos dizem que é na oralidade que as grandes questões da vida são passadas, mas tudo o que quero é o silêncio para pensar nele e pensar no que poderíamos ter sido se ele não fosse um babaca e eu uma covarde que me culpo por tudo.
Eu deveria sair daqui e ir até a sala dele, gritar e bancar a surtada. Perguntar os motivos das coisas terem tomado essa rumo, mas eu continuo aqui contando mentiras, dizendo que ele é um babaca e que eu mereço alguém melhor.
A quem estou querendo enganar? Eu ainda acredito que o melhor para mim é ele. Ainda o quero, mesmo que ontem ele tenha destruído meu primeiro dia de aula ao ficar com ela na minha frente.
O amor não é fácil, repito a mim mesma, mas o desprezo também dói. Está aí a lição que a oralidade me trouxe hoje. Não é o amor que dói, mas sim o desprezo.
Será que nunca vou ser boa o bastante? Não sei a resposta, mas sei que o desprezo dói mais que uma picada de abelha. Tentar adivinhar as respostas para perguntas que não fiz é o mesmo que esperar pelo duvidoso.
Será que amar e não ser correspondida também é uma forma de desprezo? Não sei. Ultimamente não ando sabendo de mais nada.
O que sei é que dói e isso me faz desacreditar no amor; justo eu, que escrevo sobre ele o tempo todo.

- Jariane Ribeiro

Share this:

JOIN CONVERSATION

2 comentários:

  1. Que lindo! "Tentar adivinhar as respostas para perguntas que não fiz é o mesmo que esperar pelo duvidoso." Muito linda essa frase!

    ResponderExcluir